Você conhece a história do cinema?

Por Marcela Pagani e Osvaldo Duarte
Surgimento do Cinema

O cinema surgiu no século XVIII, através de uma combinação de lanterna mágica com imagens fixas de filmes sem movimento. A técnica foi desenvolvida no cenário da fotografia.

        Em 1985, os irmãos franceses Loius e Auguste Luimière fizeram e projetaram os primeiros filmes, porém, a partir de 1908, com o trabalho do norte-americano David Griffth, o cinema passou a ser reconhecido como arte cinematográfica madura e independente, denominada “Sétima Arte”.
Até 1927 os filmes eram mudos. O primeiro filme sonoro foi realizado nos Estados Unidos por Alan Crosland.
Durante a 1ª Guerra Mundial o cinema europeu entrou em crise e as produções se concentraram em Hollywood, na Califórnia. Lá surgiram os  primeiros grandes estúdios como a Keystone Company, fundado em 1912 por Mack Sennett (produtor que descobriu Charles Chaplin e Buster Keaton), seguida pela Famous Players (futura Paramount) e pela Fox Films Corporation. Assim, a indústria cinematográfica americana se consolida na década de 20, nos gêneros western, policial, musical e, principalmente, a comédia. A partir daí também dá-se início a um processo denominado “star system” que consistia na “fabricação” de estrelas, tornando atores em ídolos e valorizando as produções. Como por exemplo podemos citar Mary Pickford, que ficou conhecida como "noivinha da América".

 O Cinema no Brasil

Em relação ao cinema, o Brasil não se atrasou. Poucos meses após a primeira sessão cinematográfica dos irmãos Lumiére em Paris, chegou ao Rio de Janeiro, esta  projeção. Em 1896 foi exibida a primeira projeção pública cinematográfica que reproduzia imagens através de uma série de fotografias. O sucesso do evento foi tão grande que em 1897 foi inaugurada a primeira sala de exibição.
Já em junho de 1898, foram feitas as primeiras imagens no Brasil, por um imigrante italiano chamado Afonso Segreto, vindo da Europa com sua câmera Lumiére. As imagens focalizavam a baía de Guanabara e algumas embarcações. Assim nasceu o cinema brasileiro.
As primeiras produções se deram em acontecimentos cívicos com personagens no poder, como por exemplo, com o então presidente Prudente de Morais. Outras produções como cerimoniais, festas públicas e acontecimentos importantes foram filmados no país, com grande prestígio até 1903.
Além dos irmãos Segreto, outros nomes merecem destaque na história do cinema brasileiro, como os irmãos Labanca e Francisco Serrador além dos primeiros operadores profissionais Julio Ferrez, os irmãos Botelho e Paulo Beneditti. A febre cinematográfica contaminou o Brasil e se espalhou de norte a sul, mas Rio de Janeiro e São Paulo continuaram sendo os centros mais eficientes de produção.
Com a chegada do filme sonoro, foram criados estúdios e produtoras no país. Data de 1930 a instalação do primeiro estudio brasileiro, da companhia Cinédia, no Rio de Janeiro, que se dedica a dramas populares e comédias musicais, vindo a lançar nomes como Oscarito e Grande Otelo. Em São Paulo, no ano de 1949, é lançada a companhia Vera Cruz, que buscava produções mais elaboradas e teve entre seus destaques o ator Amácio Mazzaropi. Apesar de grandes filmes o cinema brasileiro demorou para deslanchar de vez, sofreu muitas quedas nas produções e crises.
No inicio dos anos 90 sofreu uma crise interna, mas conseguiu se reerguer com novas bases e parceiros. Festejou seu centenário de forma positiva e com grandes sucessos de bilheteria.
            O cinema brasileiro conquistou um novo reconhecimento internacional, com o filme Central do Brasil, ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim de 1998 e com indicação ao Oscar em 1999. O novo século surgiu com novas produções com orçamentos elevados, em geral, adaptações de obras literárias ou com base em acontecimentos históricos marcantes, estrelados por grandes figuras da televisão e com obras voltadas para o mercado estrangeiro.

“2003 ficará conhecido como ‘ o maior ano da história do cinema brasileiro’, divulgou a imprensa, como resultado do crescimento de 220%, correspondeu ao aumento de 8% para quase 25% na taxa de ocupação do mercado. A semana de 23 de outubro, considerada histórica, revelou uma venda de quase 70% de ingressos verde-amarelos. Esses números, contudo, são puxados por produções de orçamento alto, associadas a grandes conglomerados de comunicação.” (AZULAY,  2005, p.31)
Dentre os principais diretores brasileiros estão Nelson Pereira dos Santos, Carlos Diegues, Ruy Guerra, Hector Babenco e Bruno Barreto.

 O cinema no Mato Grosso/Mato Grosso do Sul

O cinema no Mato Grosso do Sul chegou antes da divisão do Estado. Em 1903, na cidade portuária de Corumbá aconteceu a primeira exibição. Cinco anos após, outra exibição aconteceu em Cuiabá.
No ano de 1908 foi realizado o primeiro registro no Estado, o filme “Colônias Silvícolas em Mato Grosso”.
Já em 1910, dez salas de cinema funcionavam no Estado, com uma programação muito diversificada, sem a supremacia do cinema americano, que seria registrado nas décadas seguintes.
Em 1924, Remígio Barroso e Giuseppe Bonamico se inscreviam no restrito âmbito da realização cinematográfica. Até a chegada do sueco Arne Sucksdorff , cerca de 250 filmes foram realizados, na sua maioria documentários, porém com alguns registros no território da ficção.
Em CampoGrande, a primeira sessão de cinema foi na virada do século, em baixo das laranjeiras do único hotel da cidade. Um viajante levava a novidade pelo interior do país improvisando com um lençol esticado (que quando molhado permitia melhor qualidade da imagem) que servia de tela. Os curtas acelerados extasiavam as platéias. O auto-cine em Campo Grande, por períodos intermitentes, foi a grande sensação da juventude.
No início, o cinema, mais do que as outras formas de expressão artística, teve uma dependência direta com as vias de comunicação do Estado. A via fluvial delimitou a presença da cinematografia mundial na cidade de Cuiabá. Após o advento da Ferrovia Noroeste do Brasil, cujo traçado foi alterado e a capital do Estado (MT) foi excluída de seu trajeto, mergulhando Cuiabá num profundo marasmo.
Com essas transformações, na década de 30, o Estado contava com apenas uma sala de exibição que por alguns anos ficou fora de funcionamento. Por volta da década de 40 e 60 possuía apenas quatro salas e na década de 80 não possuía nenhuma. Este fluxo oscilante de salas impossibilitou que a população tivesse um repertório cinematográfico incorporado a sua cultura, em relação a filmes estrangeiros e nacionais.

O cinema em Dourados

Em Dourados, as principais exibições aconteceram na década de 50, no Cine Santa Rita, que funcionava na Av. Marcelino Pires, esquina com a Av. Presidente Vargas, onde hoje funciona o banco HSBC. Naquela época, havia uma resistência muito grande por parte das famílias em relação ao cinema, que viam as salas escuras como um lugar impuro.
No ano de 1960 chegou a família Bastos Rosa, inaugurando em nossa cidade a empresa “Irmãos Rosa”. O pioneiro Emídio Rosa tomou frente e colocou em funcionamento o Cine Ouro Verde, instalado também na Av. Marcelino Pires. Com a grande aceitação popular, a empresa notou a necessidade de expansão e inaugurou em 1972 o Cine Ouro Branco, que se situava na Av. Presidente Vargas. Foram abertas salas na cidade de Fátima do Sul, Glória de Dourados, Deodápolis e Rio Brilhante. Outras salas surgiram na região entre 1990 e 2000. Porém com as novas tecnologias (vídeocassete e dvd), o cinema entrou em decadência e a grande maioria das salas foi fechada.
Atualmente Dourados conta com apenas um cinema, localizado no Shoping Avenida Center que possui três salas de exibição, sendo uma delas com tecnologia 3D.
A primeira produção cinematográfica realizada em Dourados, apesar de não ter sido registrada, aconteceu em 1977. Um documentário com duração de 1h20min, intitulado Terra de Índio do jornalista douradense Junio Cheze. O filme mostrava o cotidiano dos índios em Dourados, as dificuldades e as discriminações sofridas por eles. Junio declarou que o documentário teve caráter exclusivamente jornalístico e que conseguiu atrair atenção da opinião pública. O documentário foi exibido nas escolas públicas e no Cine Clube Uirá, que reunia cinéfilos que discutiam o mesmo após a exibição.
O documentário foi produzido nas reservas Bororó e Jaguapiru. Junio fazia as locações no período de férias da universidade em que estudava - Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). O material produzido era enviado para o laboratório da universidade para ser finalizado.
As dificuldades para se fazer o filme eram enormes, a linguagem indígena, matéria prima de alto custo (celulóide), concorrência com o cinema comercial e a falta de apoio e patrocínio foram decisivos nesta produção totalmente independente. O jornalista contou com auxílio do também douradense Israel Lopes nas locações e do técnico de laboratório Lisleu Piovezan, da UNISINOS. Mercedes Sosa compunha a trilha sonora. Produção, direção autoria e script foram do próprio jornalista. “Para fazer cinema basta ter uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” (Glauber Rocha).
Filho dos pioneiros de Dourados, Alicio Araújo e Ondina de Barros Araújo, Junio Cheze é formado em jornalismo desde 1986 pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos que fica em São Leopoldo - RS. Atualmente reside no bairro Izidro Pedrozo e trabalha no Jornal Diário MS.  Sobre a relação cinema e jornalismo Junio diz: “O Jornalista deve ter know-how para fazer críticas sobre cinema”.
Ainda em Dourados destacamos o cineasta Joel Pizinni, reconhecido internacionalmente por suas diversas produções.
A filmagem mais recente em Dourados foi Terra Vermelha (2008), por Amadeo Pagani, Marco Bechis, Fabiano Gullane, produzido pela Classic SRL, Gullane Filmes, World Sales, que mostra o suicídio de duas jovens das etnias Guarani-Kaiowá e desperta a comunidade para a necessidade de resgatar suas próprias origens, perdidas pela interferência do homem branco. Após percorrer as telas do país, o longa ultrapassou fronteiras e concorreu a vários prêmios internacionais. 

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