A arte das palavras
Por Eduarda Rosa e Marcela Alves
Mesmo no sossego de sua casa, Lins demonstra o seu jeito clássico de ser, vestindo camisa listrada, calça social e um belo suéter cinza nos braços. O despojamento fica por conta da confortável sandália de dedos nos pés, afinal estamos em casa. Sentado em sua poltrona de estofamento verde, que combina com a cor das cortinas, José conta com orgulho como foi sua trajetória de vida.
José Pereira Lins nasceu em São José do Ipiranga na Paraíba, no dia 05 de fevereiro de 1921, e teve uma infância comum, de menino nordestino pobre. Um pouco mais crescido veio para o Mato Grosso, e por aqui permaneceu. Criou cinco filhos, quinze netos e oito bisnetos. Nas paredes da saladeestar, os retratos ilustram sua herança familiar e o amor por sua esposa Isabel, a quem ele considera como o maior presente que Deus lhe deu.
Apesar da idade avançada tem uma memória muito boa, memória de quem tem como lazer a leitura, de quemfoi professor desde os tempos de colégio, e educou meio século de profissionais por intermédio de sua própria escola, Osvaldo Cruz, em Dourados. Na lembrança guarda os bons momentos, como o de receber o título honorífico de Cidadão douradense, Doutor Honoris Causa e fazer parte da Academia Douradense de Letras.
Também teve o prazer de conhecer todas as capitais brasileiras, criadas antes da constituição de 1988. Segundo ele “as viagens nos enriquecem espiritual, histórica e emocionalmente, nos faz conhecer gente boa”, e mesmo conhecendo tantos lugares diferentes, considera seu próprio lar, um lugar inesquecível.
A inspiração para escrever suas crônicas literárias é a vida social, é essa vida que “é um dom de Deus, que não nos pertence, nós não nascemos porque queremos nascer, nem morremos porque queremos morrer, é um dom de Deus por isso ninguém em sã consciência quer morrer”.
Assim como no jeito de se vestir, Lins conserva o gosto pelo clássico também na música. Gosta de ópera, música erudita e hinos. Conheceu a esposa em um culto de igreja, onde ela cantava em um coral. Ao longo dos 62 anos de convivência, Isabel sempre o presenteou com clássicos tocados por ela ao piano e órgão, que hoje adornam um dos cômodos da casa.
O andador no meio da sala é o sinal de que o tempo passa e que a qualquer momento um apoio pode ser necessário. Com um passado de lutas, ele agora só quer usufruir dos bens que Deus lhe deu, “a minha vida foi uma vida de ocupação. Não tenho do que me queixar. Uma vida de lutas, trabalho, muitas vitórias, uma vida feliz, que eu não temeria se retornasse a viver de novo”.
Olá Eduarda e Marcela.
ResponderExcluirExcelente trabalho no blog.
Mas gostaria de fazer uma observação, corrigir um problema histórico muito antigo. Na realidade não existem "índios no Brasil essa denominação só é válida para os que vivem na América do Norte, isto é do México para baixo só existem Nativos. A denominação "Índio" foi criada por Cristóvão Colombo , mas somente para os nativos que ele encontrou na América do Norte. Se vocês pesquisarem para confirmar esse erro histórico e só pesquisar as primeiras cartas dos navegantes portugueses enviados a Coroa Portuguesa e vocês não vão encontrar nunca a palavra "Índio" mas somente nativos pardos. Espero ter ajudado. Marco Machado....Abraços.